Lixo Flutuante


O Programa Mais Você abordou um tema que é de interesse direto de toda a população carioca, e, por que não dizer, brasileira: a despoluição da Baía de Guanabara. O programa percorreu os rios que dão origem a toda a sujeira, e apresentou um projeto que visa a limpeza do local, o “Rio ama os rios”.


“Eu nunca vi tanto entulho na minha vida, você vê de tudo: sofá, pneus, garrafa pet... Finalmente a gente conseguiu fazer uma matéria sobre a Baía de Guanabara”, destacou Ana Maria ao chamar a reportagem de Felipe Suhre, que percorreu os rios que dão origem à sujeira junto com a engenheira sanitarista Carmem Lucariny.

O repórter informou que 45 rios deságuam na Baía de Guanabara e a situação é tão grave, que apenas três deles não têm poluição. Ele exibiu imagens das águas e margens dos rios, onde a situação ainda é pior.


Projeto para despoluir

“O Instituto Estadual do Ambiente, Inea, teve uma ideia bem legal: são as ecobarreiras, que, como o nome diz, são barreiras montadas, com barris, perto da foz do rio, ou seja, um pouquinho antes de ele terminar. Já são 16 instaladas”, informou Ana Maria Braga.

Em seguida, a apresentadora mostrou a imagem de uma ecobarreira que já está em funcionamento, localizada na divisa de Niterói e São Gonçalo. “Em menos de duas horas, olha a quantidade de lixo que juntou! Boa parte dessas 370 toneladas de lixo que são removidas todos os meses dessa região fica presa nas ecobarreiras. Felizmente, nem chega até a baía. Esse material todo depois é encaminhado para reciclagem.



Fonte: http://maisvoce.globo.com/




Vídeo na íntegra
Ecobarreiras: conheça o projeto que visa despoluir a Baía de Guanabara


Fev 2012
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Reflexão sobre o lixo na saída de canais e rios logo após fortes chuvas:


(foto do acumulo de lixo na saída do Canal de São Francisco / Niterói, logo após forte chuva -11/10/11)
  Podemos até desenvolver algumas alternativas a curto e médio prazo como por exemplo uma ecobarreira, mas serão sempre paliativos perante o resultado de nosso atual sistema que estimula um consumo sem fim, sobretudo de descartáveis (criados para se tornarem rapidamente obsoletos).
    Algo que não relacionamos é a crescente quantidade de resíduos que produzimos e que simplesmente não queremos ver por perto, pois resíduo está associado a lixo, mau cheiro, algo inútil, degradado, morte...Quem quer lidar com lixo? 
    Como resposta do próprio meio o que temos é um grande regurgito de uma única vez do que “ sem querer” lançamos nas suas veias e canais. Uma resposta para tentar sua sobrevida. 
   O Problema parece de solução simples, que sejamos co-responsáveis pela destinação adequada de todo e qualquer resíduo que geramos. Agora, para colocar em prática é bem mais complexo. Temos uma grande carência de uma consciência cidadã, o sentimento de fazer parte e pertencer ao ambiente que vivemos, principalmente o urbano. 
    Fica a pergunta, quem realmente sabe o quanto de resíduo gera todos os dias e para onde vai? As fotos deste grande regurgito do canal de São Francisco contribuem para refletirmos sobre a nossa diária geração de resíduos... Com certeza a população consciente que realmente sabe essa resposta é bem inferior ao todo.



Vinícius Palermo - Oceanógrafo, Coordenador do Projeto Águas Limpas. 

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Importância da prevenção, do controle e da retirada do lixo flutuante:
Axel Schmidt Grael - Presidente do Instituto Rumo Náutico / Projeto Grael
  • Impactos sobre a fauna. Existem muitos incidentes em que mamíferos aquáticos, aves, quelônios (tartarugas) e outros animais acabam presos ou ingerem sólidos que encontram no mar. O problema muitas vezes causa a morte destes animais.
  • Obstáculo à navegação: o lixo flutuante tem causado problemas para a navegação de embarcações comerciais e de recreio. É o caso do transporte de passageiros entre Rio e Niterói. Com certa frequência as barcas e catamarãs têm a sua operação interrompida motivado pelo lixo. Embarcações esportivas e de recreio também sofrem as consequências do problema. Por exemplo, durante a realização das provas de vela do Jogos Panamericanos de 2007 na Baía de Guanabara foi necessária a mobilização de embarcações do Plano de Emergência da Baía de Guanabara, criado para atender situações de vazamento de hidrocarbonetos (óleo e outros combustíveis), para evitar que o lixo flutuante atrapalhasse as competições. Em janeiro de 2010, quando o Rio de Janeiro sediou o Campeonato Mundial da Classe Star, uma das maiores reclamações dos velejadores estrangeiros foi a grande presença do lixo flutuante. Devido a presença do lixo, velejadores da Baía de Guanabara já se acostumaram a dar ré em suas embarcações antes das regatas para desprender eventual lixo que tenha se aderido à quilha ou leme dos barcos. Caso o problema não seja revertido, estes constrangimentos poderão ser um obstáculo para as provas de vela na Baía de Guanabara e também, embora em menor escala mas igualmente grave devido ao contato direto dos atletas com a água, as provas de maratona aquática que se realizarão em Copacabana.
  • Credibilidade do programa de despoluição: o aspecto causado pela presença do lixo flutuante desmoraliza todo o investimento público e privado que é realizado pois diante do aspecto de sujeira, é difícil para a população acreditar que tenha havido alguma melhoria na qualidade da água. É o que acontece com as praias da Zona Sul de Niterói.
  • Lixo flutuante custa caro: a poluição e o lixo flutuante custam muito caro. A administração pública é obrigada a reforçar o esforço de limpeza de praias a cada vez que verificam-se fortes chuvas devido à quantidade de lixo que chega às praias. A poluição também afasta o turismo prejudicando a economia. Devido à poluição, um grande contingente da população vê-se compelida a buscar praias mais afastadas para a sua recreação. Com isso, aumentam os custos de transporte e há desperdício de tempo.
  • O lixo é um grande problema quando flutua, mas também quando afunda. Uma atividade de rotina na Baía de Guanabara, principalmente nas regiões portuárias, industriais ou áreas críticas de assoreamento é a execução de dragagens. Uma das grandes dificuldades destas intervenções é que as dragas precisam ser adaptadas para poder operar com a grande quantidade de lixo que vem com os sedimentos.  Isto acarreta na diminuição da eficiência da operação, no aumento do tempo de aluguel destas dragas, e o aumento do custo de manutenção. Além disso, apesar dos cuidados, uma grande quantidade de sólidos acabam sendo succionados pelas dragas e são carreados para o local final de lançamento. No caso da Baía de Guanabara, ainda são utilizados pontos de descarte em mar aberto. Isso faz com que aumente a quantidade de lixo nas ilhas e praias oceânicas nas proximidades da Baía de Guanabara.
  • Doenças: a presença do lixo pode ser associado a alguns problemas à saúde pública. Infelizmente, no lixo encontrado no mar podem ser vistos animais mortos, resíduos hospitalares (medicamentos, seringas, etc), artigos de higiene usados e, para a repulsa de quem ama o mar, até mesmo uma grande quantidade de preservativos (camisinhas!!!).
Soluções:
  • Investimentos em saneamento e melhoria na prática da coleta e disposição final do lixo
  • Implementação de políticas públicas e legislação que evite o uso desnecessário de embalagens descartáveis: garrafas PET, sacolas plásticas, etc.
  • Educação e medidas coercitivas que evitem o descarte indevido do lixo pela população.
  • Implantação e manutenção de ecobarreiras
  • Desenvolvimento de iniciativas como o Projeto Águas Limpas
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Vídeos relacionados:

Reportagem do Fantástico - Um Oceano de Plástico
(fevereiro/2009)



Reportagem CNN - Entrevista com Philippe Cousteau (neto de Jacques Cousteau)
(novembro/2010)